Quem sou eu

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Que ecos são esses que me aprisionam? Eu falo e sinto os sons do passado. São ecos meio dissones. Como se eu lembrasse apenas dos instantes: instante infinito. Uma amnésia particular que só eu e eu vamos lembrando aos poucos e esquecendo novamente. E aí eu canto dissonante e renasço a cada lembrança que vem de outrora e do futuro também: por isso sou caleidoscópico. Eu giro e giro. Mudo de cor. E Deus com seu diapasão dá o tom perfeito. Só que eu sou rebelde e insisto desafinado. Aí os ecos voltam novamente, por insistência minha, só para eu sentir Deus mais uma vez.
"...Uma poça contém um universo. Um instante de sonho contém uma alma inteira." Gaston Bachelard

Jhon, pare!




Jhon, pare!!!


         Hoje ele teve a impressão de que algo aconteceria. Não se sabe o porquê, mas Jhon percebia algo. Sempre foi assim. Uma esquizofrenia ora doce, ora amarga, ele procurava respostas para a sua existência: será que algo superior me proporciona algo hoje? Jhon questionava. Ele nem se olhava ao espelho. Sua própria imagem o acusava, e ele nem sabia de quê. Como é ser acusado por sua própria imagem ? Ele gritava para ele e como um eco a sua voz o atormentava. A sua única diversão era o silêncio (contraditório isso) e a escrita dos poemas doces. Doce. Doce? Ele achava que a sua escrita era doce como um algodão doce. Nunca provou um. Ele caminhou por entre seu silêncio buscando essa impressão que percebia ou que sentia. Às vezes se achava paranormal. Ah! E sentia uma energia. Ele dizia que era feito uma pilha que a qualquer momento acabaria. Nunca acabava. Já estava com uns vinte e poucos anos e nunca acabou. Pensava que essa pilha era carregada por uma bateria do além. Era apenas se eles quisessem que bumm. Eles? Dizia que eram os anjos. Jhon não se preocupava com os outros, era da sua casa para a escola e da escola para sua casa. Que vida. Vida? Só olhava para o seu umbigo. Nunca abraçava ninguém e nunca deixavam que fizessem o mesmo. Dizem os médicos, que de tantos a tantos abraços faz um bem tremendo. Ele nem ligava pra isso. O toque era apenas com o olhar. Nunca se viu um toque-olhar tão perfeito quanto o de Jhon. Quem conseguisse isso era um felizardo. E Jhon pressentia algo. Eram como ondas se espraiando a sua impressão. Às vezes a gente morre e não pressente o dia: há algum tempo atrás ele morria constantemente quando alguém o desnudava, hoje só dói. Todos passam por dores. Jhon achava que a dele sempre era maior: “parece que carreguei o mundo nas costas hoje”. Parecer não é estar ou ser. Ele não entendia. Buscava na filosofia a busca de suas dores. Era estudante de Filosofia. Filosofava e não encontrava as respostas. Era “um humano, demasiado humano”. Ele precisava apenas enxergar que a impressão era o próprio que causava, por que esperava sempre algo negativo. Alguém o disse: Jhon, o espelho está embaçado porque está sujo. Sujo? E foi aí que ele limpou...
         Hoje ele teve a impressão de que algo aconteceria. E aconteceu...




Dayvson Fabiano
02/05/2013


Obs: Texto antigo. Não lembro de datas. 



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1 comentários:

smsedi disse...

Daí o fato. O filósofo põe dúvidas e traz dúvids... Jhon é o títico ou atípico questionador... Mas sabe-se, pelas descrições, que Jhon tem problemas demasiado complexos...

Muito bom o texto. Gosto muito de ler seus contos... Me impressiona...

Saudades!

Beijos!

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